A reivindicação do Direito ao Retorno pelos palestinos continua sendo vista como uma ameaça às forças israelenses
Ana Maria Raietparvar
Na sexta-feira 30 de março, 30.000 palestinos marcharam pacificamente em diversas regiões de Gaza na Marcha pelo Direito ao Retorno, quando foram duramente massacrados pelas forças militares israelenses, contabilizando 17 mortos e mais de 1.400 feridos.
A Marcha pelo Direito ao Retorno reivindica que os refugiados palestinos possam voltar aos territórios que foram ocupados e transformados no Estado de Israel em 1948. Diferente dos refugiados sírios, iraquianos ou congoleses que saem de seus países fugindo da guerra ou por serem perseguidos politicamente, os refugiados palestinos foram expulsos de suas terras e de suas casas e até hoje eles e seus descendentes são proibidos de entrar nesses territórios.
A reivindicação do “Direito ao Retorno”, uma das maiores bandeiras levantadas pelos defensores da causa palestina no mundo todo, diz respeito não somente ao direito pelo território, ou bens materiais que lhes foram arrancados, mas o direito à memória, às lembranças, aos vínculos afetivos que foram obrigatoriamente deixados para trás.
Ao reprimir os manifestantes, Israel está alertando que nenhuma contestação à sua política será tolerada. A repressão a uma manifestação pacífica indica que desculpas como a repressão ao terrorismo ou a grupos armados não são mais necessárias, e que a consolidação da ocupação israelense continuará se dando através de um consenso forjado sob as armas.
É válido lembrar que o uso de armamentos pesados de repressão, como a nova tecnologia testada na sexta-feira que envolveu drones que despejavam gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, serve de propaganda e de laboratório para a indústria armamentícia israelense. Como Israel tem boa parte de sua economia voltada à indústria bélica, a Faixa de Gaza é utilizada como zona de ensaio para o uso dessas tecnologias, que são exportadas ao redor do mundo para reprimir suas populações, incluindo no Brasil.
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