A Diáspora checou os programas de governo dos candidatos à presidência disponíveis no site do TSE e destacou as propostas relacionadas ao Oriente Médio e países árabes. Dos 10 documentos avaliados, apenas quatro citam diretamente a região (Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Jair Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes), ao abordarem a questão Israel-Palestina, relações comerciais com o Brasil e a crise de refugiados.

 

FERNANDO HADDAD

O plano de governo do candidato do PT é o que faz mais menções a assuntos relacionados ao Oriente Médio.  Ao falar de integração global, o texto sublinha a importância das relações amistosas e dos interesses comuns do Brasil com os países árabes. Já ao abordar a soberania nacional, o programa eleva o tom e critica as possíveis “guerras de pilhagem” contra nações detentoras de petróleo perpetrada por “países imperialistas” no contexto da crise do capitalismo, que tem sido muito debatido na última década.  Além disso, Haddad destaca por duas vezes a proteção de direitos de refugiados, tanto quando cita a diversidade quanto quando aborda políticas públicas em prol da saúde.

Ao abordar a paz entre as nações, o programa resgata o protagonismo brasileiro na arena internacional durante o segundo mandato de Lula e destaca como exemplos daquele momento o reconhecimento do Estado da Palestina pelo Brasil e o acordo sobre a questão nuclear do Irã em 2010, mediadas conjuntamente pelo Brasil e pela Turquia.

 

GUILHERME BOULOS

O programa de Boulos cita a violência sofrida pelos palestinos e outros povos oprimidos como fruto da lógica neoliberal e destina um parágrafo para o apoio “a luta do povo palestino por liberdade, igualdade e justiça, apoiando seu direito inalienável à autodeterminação expresso no apoio a um estado palestino laico e não racista”. O programa não faz menção direta ao papel do Estado de Israel na situação da Palestina.

O programa de governo ainda reconhece a Primavera Árabe como exemplo de “questionamento às saídas antidemocráticas e de retirada de direitos em todo o mundo” e critica o uso do terrorismo para corroborar com o estigma de minorias.

Na versão do programa lançada em setembro, com o título “50 receitas de Boulos para mudar o Brasil”, há menção da diversificação de parcerias comerciais com África e Ásia, mas não menção direta ao Oriente Médio ou aos países árabes.

Além disso, a nova versão do programa cita a garantia de direitos de imigrantes, pela aplicação da Lei de Imigração de 2017. Essa lei é tida como um avanço para os direitos de imigrantes e refugiados no Brasil, mas sofreu ataques desde a sua promulgação e, posteriormente, com um decreto que a regulamenta. É importante defendê-la como faz o programa de Guilherme Boulos.

 

JAIR BOLSONARO

O programa do candidato do PSL elogia Israel por seu desenvolvimento tecnológico e sua experiência com agricultura. Porém, é ao mencionar a política externa de seu governo que o militar da reserva revela a sua opinião sobre a situação na região, ao considerar Israel uma “democracia importante” enquanto prega contra “ditaduras assassinas”.

Em agosto, Bolsonaro afirmou que, se eleito, vai retirar a Embaixada Palestina do Brasil, já que, em sua opinião, a Palestina não é considerado um país. O Brasil reconheceu o Estado Palestino em 2010, e desde 2012 a Palestina ocupa o posto de Estado observador não-membro na Organização das Nações Unidas (ONU).

 

MARINA SILVA

A única menção direta do programa de Marina ao Oriente Médio é quando afirma que a política externa brasileira tem muito a contribuir com a “solução de crises crônicas, como no oriente médio, por exemplo”, sem maiores detalhes de como isso seria feito.

O programa também destaca que o Brasil vai agir em parceria com a África, criando um “ambiente favorável para que empresas brasileiras participem do processo de transformação produtiva e do desenvolvimento sustentável da África”.

 

CIRO GOMES

O programa de Ciro Gomes não faz menções diretas ao Oriente Médio, mas contém um parágrafo sobre a reconstrução das relações do Brasil com a África, onde se localizam diversos países árabes, “em bases generosas que façam justiça à condição do Brasil como maior país africano fora da África e que deixem de atrelar nossa política africana aos interesses de empreiteiras”.

Apesar da falta de propostas no seu programa de governo, no dia 28 de agosto em entrevista à GloboNews, Ciro declarou que o Brasil deveria participar da intermediação diplomática de diálogo entre o governo Assad e a oposição síria. A guerra no país árabe começou em 2011 e causou a morte de milhares de pessoas e uma enorme crise de refugiados.

 

ALCKMIN

Não há menções sobre o Oriente Médio ou assuntos relacionados no programa de Alckmin, que é um dos mais sucintos dentre os analisados.

Para saber mais:

Propostas de governo dos candidatos ao cargo de Presidente da República
http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/propostas-de-candidatos

Sobre o autor:

Diego Gebara é descendente de sírios e libaneses. Jornalista formado pela ECO-UFRJ, trabalhou com o Universal Channel, SyFy e Al Jazeera English.
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