um olhar sobre a crescente participação das mulheres no cenário político libanês
Diego Gebara e fotos de Ghazal Ali
Alguns dias após o 8 de Março, milhares de libanesas e libaneses marcharam em Beirute sob os dizeres “Causas diferentes, uma mesma indignação”. Em meio à multidão, estavam presentes estudantes, trabalhadoras domésticas, mulheres trans e mulheres sírias e palestinas. A pouco menos de dois meses para as primeiras eleições parlamentares do país em quase dez anos, a marcha das mulheres em Beirute bateu recorde de participantes com mais de quatro mil presentes, e foi mais um sinal de que a efervescência social que nos últimos anos agitou a cena política e social da capital libanesa está cada vez mais forte.
“Ano passado foram duas mil mulheres, esse ano foi mais que o dobro. E marchamos ao lado de mulheres trans, lésbicas e bissexuais, e ainda trabalhadores domésticas que sofrem muito com a falta de direitos no Líbano. Foi bastante interseccional, e fizemos mais barulho do que nunca”, afirmou a estudante de Serviço Social Petra Rafeh.
A presença feminina nas ruas já ecoa no atual processo eleitoral, e o país ainda se depara com um aumento expressivo no número de candidatas mulheres às cadeiras do parlamento. Em 2009, apenas 15 dos 702 candidatos eram mulheres, 2% do total. Já em 2018, 111 libanesas estão na disputa, fazendo com que a participação das mulheres ultrapasse os 10%. Ainda é pouco, mas comprova que o pequeno país continua sendo um importante centro de progresso democrático na região.