Minha mãe é de Jaffa
Um poema de Noha Khalaf
My Mother Comes from Jaffa Omi min Yafa
I entered the empty house,
In devastated lands,
To collect the remains of our pains and joys,
After your departure.
I looked at the dreams and memories inscribed
In our old photographs,
Dispersed in drawers thousands of miles away from your birthplace.
I sought in vain to find under the dust
And among the scraps of papers and pencils,
Traces of your will and testament.
Finding nothing,
I then decided to penetrate into the depths of your soul,
To understand again how
You’ve spent your whole life
Without property and documents,
Without even a birth certificate.
All had remained buried in Jaffa
In the home of your childhood
Or carried away by the tempests
Of a wild occupation.
So you finally left this world
Without property or fortune
Living day by day without horizons
As if you were still a child,
Enjoying the orange groves of your hometown.
You passed through this world,
Like a ghost,
Beautiful like the sea,
Light like a mermaid
Carried away by the waves
Stifling the story of a silent and bitter past
Under the rocks and stones of Jaffa.
Translated from Arabic (When my mother Layla al ‘Issa passed away in October 2013)
Minha mãe é de Jaffa
Entrei na casa vazia,
Nas terras devastadas,
Para catar o resto das dores e delícias,
Depois da sua partida.
Olhei os sonhos e memórias gravadas
Nas velhas fotografias
Dispersas em gavetas a milhares de milhas da sua terra.
Procurei em vão sob a poeira
E entre pedaços de papel e lápis
Traços do seu legado e testamento.
Não encontrando,
Decidi penetrar nas profundezas da sua alma,
Para entender de novo como
Você passou a vida
Sem propriedade e documentos
Sem nem a certidão de nascimento.
Tudo ficou enterrado em Jaffa
Na casa da sua infância
Ou foi carregado pelas tempestades
De uma ocupação selvagem.
No final você deixou o mundo
Sem propriedade ou fortuna
Vivendo os dias sem horizonte
Como se fosse uma criança,
Olhando os laranjais da sua terra.
Você passou pelo mundo
Como um espectro,
Bonita como o mar,
Leve como a sereia
Carregada pelas ondas
Sufocando o passado silencioso e amargo
Debaixo das pedras de Jaffa.
(De quando minha mãe Layla al ‘Issa faleceu, em outubro de 2013)